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  • Foto do escritorAndressa Lauer

Roger Scruton e a arquitetura

Roger Scruton foi um filósofo conservador britânico que faleceu em 2020. Ele é conhecido por sua visão sobre a importância da beleza em tudo que envolve nossa vida cotidiana: na música, na arte, e também na arquitetura, que é o que vamos abordar aqui. Segundo Scruton, a arquitetura deve ser mais do que apenas funcional ou prática; ela deve ser capaz de inspirar e elevar o espírito humano. Em outras palavras, a arquitetura deve evocar aquilo que reconhecemos instantaneamente como beleza.



Scruton acreditava que a beleza era uma qualidade fundamental e inerente ao mundo natural, e que a arquitetura deveria refletir essa beleza natural. Ele argumentava que a arquitetura deve se inspirar na natureza, utilizando materiais naturais e seguindo proporções harmônicas, como a sequência de Fibonacci e o número de ouro, ambos presentes no design natural de diversas formas. Além disso, a arquitetura deve ser projetada para se integrar ao seu ambiente natural, em vez de tentar dominá-lo ou se impor sobre ele.


Para Scruton, a arquitetura não deve ser vista como uma arte isolada, mas sim como parte de um conjunto mais amplo de práticas culturais que moldam a vida humana. Ele acreditava que a arquitetura poderia contribuir para a criação de uma sociedade mais justa e equilibrada, que valorizasse a beleza e a harmonia. Quanta responsabilidade para arquitetos e urbanistas, não?


Scruton, no entanto, reconheceu que a beleza na arquitetura não é algo que possa ser facilmente definida ou medida, mas podemos verificar que os edifícios belos sempre são utilizados e cuidados com um apreço especial, ao contrário de grandes edifícios monumentais e despidos de adornos, que são comumente alvo de pichações e ocupações indesejadas ou até mesmo, de abandono. Scruton também acreditava que a beleza poderia ser cultivada e apreciada, e que a arquitetura deveria ser projetada para evocar essa apreciação. Para Scruton, a arquitetura não deve ser apenas uma questão de criar estruturas que sejam funcionais ou esteticamente agradáveis. Ela deve ser projetada para atender às necessidades humanas em termos mais amplos, incluindo as necessidades psicológicas e emocionais das pessoas. Já existem estudos que comprovam que o meio urbano em que vivemos influencia nosso organismo, como por exemplo, nos níveis de cortisol que experimentamos numa caminhada.

Ao criar edifícios que são belos, inspiradores e que se integram harmoniosamente ao ambiente natural, os arquitetos podem ajudar a elevar o espírito humano. A beleza na arquitetura pode inspirar a criatividade, estimular o pensamento e criar um senso de comunidade. Claro, cada um desses itens merece seu próprio post, devido à complexidade da influência do meio urbano no nosso comportamento.


Novos conceitos e escolas de design com propostas ousadas não necessariamente são benéficas para a comunidade - Scruton é um forte crítico da arquitetura moderna. Vemos muitos arquitetos atingindo o estrelato através de edificações com formas e tecnologias diferentes, que chamam a atenção, mas fogem daquilo que é considerado uma boa e bela arquitetura, que cumpre seu papel social e inspira cada um de nós a sermos melhores e cultivarmos o belo ao nosso redor. Na prática, os arquitetos devem se esforçar para criar espaços e edifícios que reflitam a beleza natural e atendam às necessidades e aspirações humanas. A beleza na arquitetura não é apenas uma questão de estética, mas também de humanidade e sustentabilidade.


Os pensamentos de Scurton acerca da beleza e da arquitetura, brevemente expostos aqui, podem ser encontrados em seus livros "Beleza" e "A Estética da Arquitetura". Há também o documentário produzido pela BBC, "Porque a Beleza Importa?" disponível no Vimeo.



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